“A educação, direito de todos e dever do Estado
e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
Essas palavras
estão gravadas em
nossa Constituição desde 1988, e dá a educação um lugar de
honra nas nossas vidas... Ou pelo menos esse era o plano. 27 anos depois, o
Brasil, a "pátria educadora" como é conhecida atualmente, sofre com o
descaso público para com as escolas. Das comunidades ribeirinhas no Acre, ao
sertão nordestino, alunos e professores convivem com falta de matérias nas
escolas e estruturas que põem em risco a vida de todos os envolvidos.
Escolas sem sanitários,
aulas dadas em baixo de uma mangueira por falta de estrutura adequada, essa era
a realidade de uma escola em um assentamento no Acre, há 3 anos. Os professores
conseguiram trazer alguns deputados a escola, onde eles constataram o obvio,
ter aulas ali era impossível. Em 2012
a situação se repete em Cuiabá, onde os alunos da rede
municipal tinham que levar materiais básicos para o funcionamento da escola e
em dias de chuva, as aulas eram canceladas por causa da estrutura do prédio que
era completamente inundada. E há quatro meses, foram encontrados no Maranhão,
casebres que serviam de escolas de ensino fundamental.
Esse problema
também é visível aqui no sertão nordestino, que se agrava principalmente em
épocas de seca. As crianças muitas vezes não tem o que comer ou beber nas
escolas e tanto elas quanto os professores muitas vezes precisam andar
quilômetros para chegarem as escolas. Escolas essas que vão de casas de
pau-a-pique até casas de alvenaria sem piso e teto irregular. Além dos nossos vizinhos
maranhenses, em Alagoas, crianças acordam de madrugada para serem transportados
de caminhão, o ônibus escolar dado pela prefeitura do município.
Nenhum desses casos pode ser
considerado isolado, pois o descaso das instituições responsáveis abrange
grande parte das escolas brasileiras. De acordo com os dados coletados pelo
Sistema de Avaliação Básica (SAEB) em 58 mil escolas avaliadas pelo
questionário que acompanha a inscrição da Prova Brasil 2009, 23,5% das
instituições apresentam sinais de depredação, como portas e janelas quebradas,
ou carteiras em péssimo estado. 36,4% delas necessitam de reforma de cobertura,
pondo em risco a segurança de qualquer pessoa que as freqüente.
Já o pesquisadores da UnB (Universidade de Brasília) e da UFSC (Universidade
Federal de Santa Catarina), dirigindo um estudo chamado de “Uma escala para
medir a infraestrutura escolar”, apoiou-se no Censo Escolar de 2011 que
abrangeu 194.932 escolas, e constatou
que apenas 44% das escolas elementares
e 0,6% das escolas avançadas, possuem condições próximas das ideais
estabelecidas pelo CAQI (Custo Aluno Qualidade Inicial), e contam apenas com
água encanada, sanitário, energia elétrica, esgoto e cozinha. Concluíram também
que 72,5% não possuem bibliotecas e que o Brasil ainda possui mais de 13 mil
escolas sem luz.
E assim continuamos, estagnados
em um presente que nos faz duvidar se há realmente um futuro e se iremos fazer
parte deles. Do ensino básico ao superior, educadores e educandos sofrem com
cortes, corrupção, pedras que se acumulam em uma jornada que deveria ser tranquila
e natural. O Brasil antes de se vender nas mídias como “pátria educadora”
deveria voltar e reaprender o “bê-a-bá” junto com milhões de brasileiros que
tem um dos direitos mais simples corrompidos todo ano: o de aprender.
Autores: Nathany Costa
Arthur Filipe
Nenhum comentário:
Postar um comentário